sexta-feira, 15 de julho de 2011

Triângulos Roxos

Antes de falar sobre os Triângulos Roxos, é necessário falar sobre todos os Triângulos do Holocausto.



Os Triângulos do Holocausto eram símbolos para identificar os prisioneiros nos campos de concentração nazistas. Cada triângulo tinha uma cor que significava um “tipo” de prisioneiro:

Amarelo - judeus (dois triângulos sobrepostos, para formar a Estrela de Davi); aqueles que eram considerados apenas parcialmente judeus, muitas vezes usavam apenas um triângulo amarelo.
Vermelho – supostos inimigos políticos do Reich, incluindo comunistas, sociais-democratas, liberais e anarquistas.
Verde - criminoso comum. Criminosos de ascendência ariana frequentemente recebiam privilégios especiais nos campos e poder sobre outros prisioneiros.
Roxo basicamente aplicava-se a todos os prisioneiros por motivos religiosos, como Testemunhas de Jeová, que se recusaram a abrir mão de suas crenças para apoiar o nazismo.
Azul – imigrantes (ou seja, exilados e deportados).
Castanho – ciganos.
Negro - lésbicas e "anti-sociais". (alcoólatras, grevistas, feministas, defecientes e mesmo anarquistas). Os Arianos casados com Judeus recebiam um triângulo negro sobre um amarelo.
Rosa - homossexuais masculinos.

O post de hoje trata dos Triângulos Roxos, mais especificamente tratando da vida das Testemunhas de Jeová (TJ) durante a Segunda Guerra Mundial.




As TJs foram perseguidas entre 1933 e 1945, e diferentemente dos judeus e ciganos, que “nasciam judeus ou ciganos”, tiveram a oportunidade de escolher: podiam assinar uma declaração renunciando à sua crença, ganhando assim a liberdade.

Na época, as Testemunhas de Jeová eram chamadas de Estudantes da Bíblia e eram um movimento de apenas cerca de 20 000 pessoas, as quais muitas participavam da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia.

O Estudantes da Bíblia foram excepcionais batalhadores durante a Segunda Guerra e se saíram melhor que outros prisioneiros nos campos de concentração, pois tinham fé e perseverança e mantinham o moral elevado. Por mais que fossem rigidamente punidos, grande parte jamais abriu mão de sua convicções.

Vendo-se como cidadãos do Reino de Jeová, as TJs se recusaram a apoiar qualquer governo temporal, assim como burlaram as proibições nazistas, continuando suas atividades às escondidas. Muitas pessoas guardavam seus livros em esconderijos, que mesmo com todas as revistas nas casas feitas pela Gestapo, nunca foram descobertos.

A partir de 1939, quando as TJs foram enviadas às prisões e aos campos de concentração, eram muito cotadas como serventes domésticos por oficiais e guardas nazistas, pois não cogitavam fugir ou resistir à vida nos campos.



De acordo com Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, o chefe da SS, Heinrich Himmler, freqüentemente usava a "fé fanática" das testemunhas de Jeová como um exemplo para suas próprias tropas SS. Em sua visão, os homens da SS tinham que ter a mesma "fé inabalável" no ideal nacional-socialista e em Adolf Hitler que as testemunhas tinham em Jeová. Somente quando todos os homens da SS acreditassem tão fanaticamente em sua própria filosofia é que o estado de Adolf Hitler estaria permanentemente assegurado.
(O Holocausto – Documentação e História)

Estima-se que morreram nos campos de concentração e prisões de 2 500 a 5 000 Testemunhas de Jeová. Além disso, mais de 200 homens foram julgados pelo Tribunal de Guerra Alemão e executados por se recusarem a servir o exército.

Apêndice: as Testemunhas de Jeová antes da Guerra

As Testemunhas de Jeová não foram perseguidas somente pelos nazistas. As igrejas dominantes da época, a católica e a protestante, consideravam os Estudantes da Bíblia hereges, mesmo antes do nazismo subir definitivamente ao poder, em 1933. Por isso, as testemunhas eram frequentemente acusadas de atividades ilegais, porém os tribunais sempre decidiam a favor delas.


Referências: