terça-feira, 26 de abril de 2011

Chernobyl: 25 anos

25 anos após o desastre nuclear que causou a morte de milhares de ucranianos e deixou outros vários com sequelas, Chernobyl é hoje uma cidade fantasma.



Era 26 de abril de 1986. Há cerca de 100 km ao norte da cidade de Kiev, na Ucrânia (na época parte da URSS). Os funcionários do Setor 4 receberam a ordem de fazer um teste no sistema de alimentação automática de combustível. À 1h 23 min da manhã, o teste começou, e não muito tempo depois, ocorreram várias explosões dentro do reator, e uma enorme quantidade de material radioativo se “espalhou” pela região. Cerca de 200 000 km² foram contaminados pela radiação.

Enfim, acho que não preciso contar mais da história, porque a partir daí fica bem claro o que vai acontecer.


Se não me engano no ano passado, eu estava assistindo aquele programa “O Mundo Sem Ninguém”, do History Channel. Quando chegou na parte de “vinte anos sem ninguém”, eles disseram: Nós já temos um exemplo 20 anos sem ninguém: Chernobyl. Então minha irmã disse: “Faz todo sentido! É um exemplo perfeito, pois em Chernobyl tudo foi deixado do jeito que estava”.

Chernobyl sempre é um assunto que me dá arrepios. Por vários motivos.


O primeiro, mas não o principal motivo, é fato de que tudo em Chernobyl estar exatamente no mesmo lugar que estava há 25 anos. Casas, o parque de diversões nunca inaugurado, escolas, hospitais, as máscaras de gás e a própria usina abandonada.

Outro é o fato de que as pessoas que morreram lá na época não tinham noção nenhuma do porquê morreram. Os primeiros bombeiros a chegar lá, por exemplo, estavam simplesmente tentando ajudar quem estava na usina no momento do acidente.

E o último, e principal motivo, é a radiação.

Eu MORRO de medo da radiação.

Por quê? Simples. Eu não sei o que é radiação.

As pessoas gostam muito de falar, causam polêmica, dizem que a energia nuclear não devia ser utilizada, mas o processo é complicado. Principalmente em momentos como Chernobyl ou agora com Fukushima, as pessoas questionam o uso da energia nuclear, mas a verdade é que...eu não sei. As pessoas falam e falam, mas os únicos que podem nos dar respostas concretas são os especialistas: físicos nucleares, físicos médicos. Às vezes eu penso que nem eles têm certeza, afinal...Radioatividade é uma coisa difícil de se estudar de perto.

Quem é contaminado na dose em que os bombeiros e operários em Chernobyl foram começa a ter hemorragias desesperadoras, e para quem inala o ar contaminado é pior ainda: os órgãos internos começam a derreter.

Além disso, a radiação altera a estrutura molecular, e é isso que causa câncer. E mais: pensam que não há radiação onde estamos? É claro que há. A dose é muito menor, mas há. Quando fazemos exames clínicos, como raios-X, estamos nos expondo a radiação. “Oh, meu pai, nunca mais vou fazer um exame”. Também não é bem assim, né? É uma questão de controle. É por isso que é importante buscar o melhor lugar para se fazer exames, para evitar ter que repeti-los.

Afinal, foi por falta de infromação que aconteceu o acidente em Goiânia, em 1987. Pessoas simples e desinformadas abriram câmara de Césio de um aparelho de radioterapia abandonado, ocasionando o acidente do Césio 137.


Voltando a Chernobyl.


Como é possível perceber pelas máscaras, a União Soviética estava preparada para uma guerra química. Nas escolas, para cada criança havia pelo menos duas máscaras. Eles jamais imaginariam que estavam prestes a sofrer o pior desastre nuclear da história, que chegou a atingir, mesmo que em menores proporções se comparado com o Chernobyl propriamente dita, toda a URSS, Europa Ocidental, Reino Unido e até mesmo a Escandinávia.

Hoje em dia, a área é aberta para visitantes, e agora as autoridades querem liberar também a região da usina para o turismo. Muitas pessoas são contra, e com razão. Os índices de radiação, apesar de terem diminuído significativamente nos últimos anos, ainda oferecem riscos para a saúde das pessoas.

Aparentemente, estão querendo fazer outro Sarcófago(para quem não sabe, o Sarcófago é uma estrutura de concreto construída ao redor do reator para isolá-lo), considerando que o primeiro foi feito às pressas, e ficou relativamente mal-feito. Quem sabe desta vez eles fazem algo que dure. Afinal, o que havia nos reatores era urânio: um elemento químico cujo tempo de atividade (meia-vida) é de 4,5 bilhões de anos.

Acabamos por aqui. E não podemos nos esquecer: radiação é uma coisa extremamente perigosa.

Para quem quiser e aguentar, neste site há algumas fotos de vítimas de Chernobyl:


SOBRE A MEIA-VIDA DE ALGUNS ELEMENTOS:
(isso é relativo, pois devemos considerar os isótopos dos elementos)

- Urânio – depende, se for o Urânio 234, pode ser de 270 mil anos, já o Urânio 238 é o de 4,5 bilhões de anos.
- Césio 137 – 30 anos.
- Iodo – 8 dias.

Referências:

Acesso em 29/03:



Acesso em 25/04:

E a última referência é para a minha mãe, que é Física Médica, que revisou meu post, para garantir que tudo o que está aqui esteja baseado em fatos. Obrigada mamãe ^^
E eu não coloquei muitas imagens, principalmente porque as imagens de Chernobyl são extremamente fortes.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Die Berliner Mauer (O Muro de Berlim)

Esse post vai ser uma “homenagem” ao Thiago, porque hoje é o aniversário dele. A grande maioria provavelmente não vai entender porquê, mas ele sabe o motivo pelo qual eu estou fazendo isso. ;)
Enfim, vou ter que enrolar bastante nesse post, porque eu tenho que falar sobre muitos acontecimentos anteriores ao citado neste post. Ah, e mais. Isso não é aula de história, não ficar escrevendo detalhe por detalhe. Este blog é direcionado, em sua maior parte, a curiosidades, críticas e opiniões.

Com a capitulação da Alemanha, ao final da Segunda Guerra Mundial, ocorreram algumas conferências para acertar os acordos de paz. Porém uma delas em especial me chama a atenção: a Conferência de Potsdam. Não pela Conferência em si, mas sim por suas consequências.


Potsdam fica bem próxima de Berlim e é onde se encontram boa parte dos palácios do rei Friedrich Wilhelm I.
Um dos palácios do rei Friedrich Wilhelm I em Potsdam.


Duas importantes medidas foram tomadas na Conferência de Potsdam: a criação Tribunal de Nuremberg para julgar os criminosos de guerra e a divisão da Alemanha em quatro partes, cada uma sob ocupação de um dos países vencedores (Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética).

Assim, dois “novos países” foram criados: Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha), sob ocupação norte-americana, inglesa e francesa e Alemanha Oriental (República Democrática Alemã), sob ocupação soviética. Essa mesma divisão seria aplicada a Berlim, que estava dentro do território soviético.

Iniciava-se assim a Guerra Fria.

A Guerra Fria foi caracterizada pela disputa de hegemonias dos Estados Unidos da União Soviética, capitalismo e socialismo, respectivamente. Algumas das consequências desse conflito foram a corrida espacial e o desenvolvimento nuclear.

A construção do Muro de Berlim de deu em 13 de agosto de 1961, e não respeitou casas, prédios nem famílias.

(acaba aqui o “prólogo”. Se acharem que ficou incompleto ou tiverem dúvidas, fiquem à vontade escrever nos comentários)

O Muro de Berlim viu sua queda no dia 9 de novembro de 1989. Milhares de pessoas participaram da “quebra” do muro, a até hoje as pessoas guardam os pedaços do maior símbolo da Guerra Fria.

Na época da Queda, meus pais estavam na Alemanha, numa cidade próxima a Berlim, junto de alguns amigos. Lá, eles tiveram a oportunidade de quebrar o muro e de guardar estes pedaços. Hoje em dia, nas lojas de souvenir são vendidos supostos pedaços do Muro, mas como minha mãe diz “Estão muito bem pintados para serem originais”.



Hoje ainda existe um pedaço do Muro de Berlim que ainda está intacto. É um memorial em nome da liberdade, chamado East Side Gallery. É na verdade uma espécie de museu ao ar livre, porque há, em cada “face oriental” do muro, uma pintura, seja ela abstrata ou concreta. Algumas das figuras representam os tempos de Guerra Fria, outras chegam a representar o Holocausto judeu.
(Muro do lado Oriental, lembrando o Holocausto judeu)

É um fato interessante que na época da Queda do Muro de Berlim meus pais estavam lá, e no aniversário de 20 anos da queda nós estávamos lá novamente.


(É uma pena que eu não tenha fotos de tudo que eu queria ter, como do Checkpoint Charlie, mas a minha mãe passou quase todas as fotos para o computador dela e não passou para ninguém, e só ela tem. ¬¬)

O Checkpoint Charlie era, na época da divisão da Alemanha, um posto militar para passagem de estrangeiros e membros das Forças Aliadas da Alemanha Ocidental para a Alemanha Oriental. É considerado um dos símbolos da Guerra Fria, representado a divisão leste e oeste, e também uma estrada rumo à liberdade, para alguns alemães orientais da época.
              (Checkpoint Charlie. Esta foto não é de minha autoria)

   (Memorial em nome das pessoas que foram assassinadas tentando cruzar o muro para o lado Ocidental)

Aí concluímos uma coisa: a Alemanha, principalmente Berlim, foi o principal cenário para os três maiores conflitos do século XX.

         (Trabants: os carros vindos do lado oriental rumo ao lado ocidental. Essa foto foi tirada por meus pais)

Enfim, eu achei o post meio pobre, mas eu coloquei tudo o que eu tinha de curiosidade aí. Espero que gostem, avaliem e comentem(isso inclui você, Thiago!).

Referências




E claro, agradeço aos meus pais por me darem a oportunidade de ver tudo isso de perto. Principalmente ao meu pai, por sempre me influenciar a ser uma enciclopédia ambulante como ele. Eu não sou tudo isso, mas tenho orgulho por ele ser.